sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Salve Chico Numes das Alagoas!!!

Chico Nunes
O poeta Esquecido


CHICO NUNES DAS ALAGOAS

SEUS VERSOS

Vagabundo, cachaceiro, prezepeiro, irresponsável, grosso, indecente, imoral ou outro adjetivo qualquer, todos se assentam ao Chico Nunes (nasceu no dia 04 de Maio de 1904 e faleceu no dia 21 de fevereiro de 1953), que na pia batismal recebeu o nome de Francisco Nunes de Oliveira e que mais tarde optou em se chamar Francisco Nunes Brasil, mas, além desses adjetivos, existe um que retrata a sua verdadeira identidade: poeta improvisador.

Chico nasceu na Rua Pernambuco Novo ou Pernambuquinho como também era conhecida, filho de José Nunes da Costa e Francisca Nunes de Oliveira. Era uma Rua de mulherio, de mistura de randevus e cabarés, aonde a promiscuidade ai até as últimas conseqüências. Mas, apesar da imundice alí reinante, era a mais procurada pelos homens e a noite se transformava, no logradouro mais animado da pequena Palmeira dos Índios.

Aqui estão reunidos alguns versos, retirados do livro do escritor/sambista/ator Mário Largo e de anotações pessoais de Linduarte Jucá, seu amigo de longas bebedeiras.

Em mil novecentos e quatro,

A quatro de maio nasci.

Foi quando compreendi

Que este mundo é um teatro.

Perdi o que mais idolatro

Que foi a tal da bebida.

Vejo a barriga crescida,

Mas não de prosperidade,

Sentindo a dor da saudade

Na sombra negra da vida.



Procedi horrivelmente,

peço a Deus que me perdoi.

A mim, homem que já foi.

Criado mimosamente

E dormia mansamente

Nos braços da mãe querida.

Ela morreu, fez partida,

O que muito lastimei,

Mãe se foi, mas eu fiquei

Na sombra negra da vida.

02

Gozei a vida de amores,

Escrevi versos e prosas,

Já nadei em mar de rosas,

Qual colibri entre flores,

Sem conhecer dissabores.

Era então alma querida,

Hoje pétala caída,

Que o vento leva mansinho.

Sem querer eu fiz o ninho

Na sombra negra da vida.



Hoje vivo em nostalgia,

E subir o meu Calvário,

Em um viver solitário,

Cheio de melancolia.

E se me vem alegria,

Vem qual coisa coagida,

Alegria entristecida

Pelas minhas desventuras.

Vivo em nuvens escuras

Na sombra negra da vida.

Esse verso foi dito por Chico quando já se encontrava preso ao leito e já sentia que a vida já lhe estava escapando. A barriga crescida, como ele próprio afirmou ter, era na realidade a doença hidropisia, a popular barriga d’água, que foi a causa de sua morte.

Me meti por tanto atalho

Que não sei mais onde é a entrada

Minha vida tá cortada,

Perdi amparo e agasalho,

Fui como rosa no galho,

Hoje só pétala caída,

Sem perfume, esmaecida,

Levada na tempestade,

Sentindo a dô da saudade

Na sombra negra da vida.

Chico Nunes ao ser apresentado ao folclorista cearense Néri Camelo Chico Nunes foi logo dizendo:

Sou natural de Alagoas,

Nasci pra ser cantador,

Francisco Nunes Brasil,

Poeta improvisador.

Foi à vida na Rua Pernambuco Novo, atual Chico Nunes, que marcou profundamente a sua infância.

A vileza do destino

Espedaçou o meu futuro,

O meu viver é obscuro

Desde o tempo de menino..

Hoje sou um peregrino,

Não sei o que é riqueza,

Bruxuleia a luz acesa,

Perdi a perseverança...

E o retrato da minha infância

Está na minha pobreza.



Na terra dos marechais,

Sem ter quem me queira bem,

Oh, morte, por que não vens...

Tirar os meus dias finais?

Vivo gemendo meus ais,

Só sei o que é aspereza.

Não apresento nobreza,

Sou igual a uma balança...

E o retrato da minha infância

Está na minha pobreza.

Chico Nunes se considerava um excelente poeta improvisador e tanto era verdade, que ele próprio lhe conferiu o apelido de “O Rouxinol da Palmeira”. Chico tinha uma verdadeira ojeriza a ladrões a tal ponto de, em 1951, ao glosar o larápio Leopoldo, o fato terminou em briga e ele por ter um braço aleijado, utilizou uma faca-peixeira para se defender, levando-o a passar 24 horas detido, só sendo solto por gozar da simpatia do juiz e delegado, seus verdadeiros fãs. Ao saber da prisão de Zé de Nega, famoso batedor de carteiras, pelo carcereiro Zé Siqueira, glosou.

José de Nega em Palmeira

Fez um papel desgraçado:

Passou a noite trancado

Na pensão do Zé Siqueira,

Recebeu tanta madeira

Que até rolou pelo chão.

Chamou, no auge da aflição,

Palmatória de madrinha...

Tudo por uma sombrinha!

José de Nega é ladrão.

Segundo o escritor Luiz B. Torres, Chico Nunes gostava de se apresentar aos desconhecidos como: “Nabucodonosor Aciobá Brasileiro da Costa Ouricuri Bacamarte da Silva Arranca Toco. Sou o Rouxinol da Palmeira e exemplo prá cabra ruim

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