quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

versinhos d'amor

morena, minha morena
chega tua boca na minha,
teu corpo junto co o meu
como a faca na bainha.

morena, minha morena,
corpo de linha torcida,
queira Deus você não seja
perdição da minha vida.

morena,beiço de rosa,
claros dentes de marfim,
no meio do teu ressono
dá um suspiro pra mim!

mulata,minha mulata,
desconjuntura esse quadril
que a mulata,quando dança
tira fogo de fuzil.

quem o amor de uma morena
passa a vida sem gozar
vai-se embora desta vida
sem saber o que é amar...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Palavras de Sílvio Romero

Ninguém imagina como eu quero bem a isto, como acho isto bonito! Este sol que não se cansa de nos dar beleza e fartura e dengue 'as nossas mulheres, palavra que, 'as vezes, tenho vontade de adorar porque é verdadeiramente um deus! Qual literatura!Se vocês querem poesia, mas poesia de verdade, entrem no povo, metam-se por aí, por esses rincões, passem uma noite num rancho, 'a beira
do fogo, entre violeiros, ouvindo trovas de desafio. Chamem um cantador sertanejo, um desses caboclos destorcidos, de alpercatas e chapéu-de-couro, e peçam-lhe uma cantiga. Então, sim.
Poesia é povo. Poesia para mim é água em que se refresca a alma e esses versinhos que por aí
andam, podem ser água, mas de chafariz, para banhos mornos em bacia, com sabonete inglês e esponja. Eu, para mim, quero águas fartas__rio que corra ou mar que se estronde. Bacia é para gente mimosa e eu sou caboclo, filho da natureza, criado ao sol.




Palavras de Sílvio Romero Apud Coelho Neto, no discurso de recepção de Osório Duque Estrada na Academia Brasileira de Letras

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Nem todo pau dá esteio

Nem todo pássaro voa,
nem todo insento é besouro,
nem todo judeu é mouro
nem todo pau da canoa;
nem toda notícia é boa,
nem tudo que eu vejo eu creio,
nem todos zelam o alheio,
nem toda medida é reta
nem todo homem é poeta,
ne todo pau dá esteio.

Nem toda água é corrente,
nem todo adoçado é mel,
nem tudo que amarga é fel,
nem todo dia é sol quente;
nem todo cabra é valente,
nem toda roda tem veio,
nem todo matuto é feio,
nem todo mato é floresta,
nem todo bonito presta,
nem, todo pau dá esteio.

Nem todo preto é carvão,
nem todo azul é anil,
nem toda terra é Brasil,
nem toda gente é cristão;
nem todo índio é pagão,
nem toda agência é correio,
nem toda viage é passeio,
nem todos prezam bom nome,
nem toda fruta se come,
nem todo pau dá esteio.

Nem todo lente é sabido,
nem tudo que é branco é leite,
nem todo óleo é azeite
nem todo rogo é ouvido;
nem todo pleito é vencido,
nem todos vão ao sorteio,
nem todo sítio é recreio,
nem toda massa é de trigo,
nem todo amigo é amigo,
nem todo pau dá esteio.


Luís Dantas Quesado

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Versos populares cantados por Augusto Calheiros

Eu quero bem as mulheres
porque delas sou nascido
não quero que ninguém diga
que sou mal-agradecido.

Moça bonita é veneno,
mata tudo que é vivente,
embebeda as criaturas,
tira a vergonha da gente.

Em mortalha de papel
fumo verde não fumega:
onde tem moça bonita
meu coração não sossega.

Esta noite eu tive um sonho
sonho de muita alegria;
que me casavam 'a força
logo com quem eu queria...

Morena, dia a teu pai
que se quer ser meu amigo
ou me pague o que me deve
ou case você comigo.

Eu fui lá não sei aonde
visitar não sei a quem:
saí assim não sei como:
morrendo não sei por quem.

Quem for para a minha terra
me perdoe a confiança:
se vir por lá meu xodó
não deixe de dar lembrança.

Plantei amor no meu peito
cuidando que não pegasse:
tanto pegou que nasceu,
tanto nasceu que inda nasce.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ah! esses doces causos do país das Alagoas

GESTOS IMORAIS

Zé Alexandre, ex-prefeito de Arapiraca, quando candidato, visitava a zona rural, casa por casa.Em uma delas foi abordado por um jovem que lhe pediu um par de alianças,pois pretendia se casar.

Os dias foram se passando e as eleições se aproximando. Realizava-se um grande comício e Zé Alexandre, enquanto ouvia outros oradores que defendiam a sua candidatura, foi pasando a vista pela multidão. De repente, viu um rapaz que gesticulava em sua direção. E ia se aproximando, tornando nítida a sua mímica. Ele formava um anel com os dedos indicador e polegar de uma mão e o colocava sobre o dedo anelar da outra. E movimentava fazendo o dedo entrar e sair do anel,ao tempo que gritava:
__ Seu Zé! Seu Zé Seu Zé!
Zé Alexandre foi se incomodando com aquele gesto que parecia obsceno e desrespeitoso pra ele,dirigiu-se ao seu assesor que anotava todos os pedidos e indagou:
__ Será que eu prometi dar isso mesmo a esse rapaz
__ Não, seu Zé, esse rapaz é o das alianças!


in O Pitoresco da Política no
País das Alagoas
Temóteo Correia

domingo, 16 de janeiro de 2011

Um Beijo em Mulher Medrosa

Um beijo em mullher medrosa,
dado escondido,'as escuras,
é a maior das venturas
que a alma do homem goza.


O beijo que é concedido
com liberdade e franquesa,
parece uma sobremesa,
depois de jantar sortido.


Convém que o beijo se tome
depois de renhida luta,
como se fosse uma fruta
comida por quem tem fome...


Mas o beijo a qualquer hora,
que mais provoca o desejo
é quando a dona do beijo
suspira,soluça e chora.


Porém o maior sabor
é quando a mulher nos nega,
porque então a gente pega
e beija seja onde for!!!



Luis Dantas Quesado

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Encurtando o caminho

Cícero Gomes, estava em Belo Horizonte quando recebera um convite para voltar a Murici e ajudar na campanha do Dr.Hélio Marinho, candidato a prefeito.

Após a eleição,vitoriosa,Cícero foi nomeado assessor do gabinete do executivo municipal,não se deu bem.Coração grande,pródigo no tocante aos pleitos que chegavam,contrapunha-se ao espírito parcimonioso do prefeito Hélio Marinho. Resolveu voltar pra BH.
Certo dia, Hélio recebeu uma carta de Cicero e pediu que a secretaria a lesse e ela assim o fez:
__"Dr.Hélio,saudações. Como vai o senhor Como o estão tratando por aí
E os eleitores
Ah, concerteza devem tá pedindo muito,não é"
Hélio Marinho impaciente ordena a secretária:
__Vá,vá,vá,pule esta parte,leia o final,
quero saber quanto ele mandou pedir.



in o Pitoresco da Política
no País das Alagoas
Temóteo Correia

Chico Beleza

Chico Beleza
Pulas areia da istrada,
Cum as perna já meia bamba,
Um dispotismo de gente
Vinha cantando num samba,
Fazendo grande berrêro!

Quem puxava a istruvunca
Era o Manué Cachacêro,
O mais grande dos violêro,
Que im todo sertão gimia!
E era ansim que ele cantava
E no canto ansim dizia:

"Diz os véiu de outras éra
que quando São João sintia
sôdade de Jesú Cristo
e de sua cumpanhia,
garrava logo na viola,
prá chorá sua sôdade
e a sua malincunía!

Entonce logo os apóstro,
Assombrando o istruvío,
Cada um seu pé de verso
Cantava no desafío

A Mãe de Cristo chorava
e as agua que derramava
da fonte do coração,
caia nas corda santa
da viola de São João!




Pru via disto é que o pinho,
instrumento sem rivá,
quando se põe-se chorando,
se põe-se a gente a chorá".

Foi aí, nesse festêro,
que vi o Chico Sambêro,
um sambadô sem sigundo,
mas porêm feio ,tão feio,
que toda gente dizia
que foi o hôme mais feio
que Deus butou neste mundo!

Tinha cara de preguiça,
cabeça de mono véio,
e pescoço de aribú!
A boca, quando se ria,
taquarmente parecia
a boca de um cangurú!
Tinha as oreias de porco
e os dentes de caitetú!
Tinha barriga de sapo,
e o nariz, impipocado,
figurava um genipapo!

Os braços era taliquá
dois braços sirigaitado
d' um veio tamanduá!
Os óios - dois berimbau!
As pernas finas alembrava
as pernas d' um pica pau!
O queixo de capivara
tinha um bigode pru riba,
que quase tapava a cara!
O cabelo surupinho
era, sem tirá nem pô,
cabelo de porco espinho!



Im conclusão, prá findá,
tinha os dedos de gambá,
os hombros redondo e chato
e os pé que nem pé de pato!

Inda mais prá cumpletá
aquela xeringamança
e feiúra de pagóde,
o hôme quando se ria,
era um cavalo rinchando,
e quando táva suando,
tinha um ôroma de bóde.

Apois bem. Esse raboeza,
que era prú todas as bocas
chamado : Chico Beleza;
esse horríve lobizome,
que era mais feio que a fome,
mais feio que o Demo inté
quando as pernas sacudia,
sambando nargum banzé
enfeitiçando as viola,
apaixonando as muié,
trazia tôda as cabôca,
cumo um capaxo, dibaxo,
das duas sóla do pé!!!






Catulo da Paixão Cearense

Salve Chico Numes das Alagoas!!!

Chico Nunes
O poeta Esquecido


CHICO NUNES DAS ALAGOAS

SEUS VERSOS

Vagabundo, cachaceiro, prezepeiro, irresponsável, grosso, indecente, imoral ou outro adjetivo qualquer, todos se assentam ao Chico Nunes (nasceu no dia 04 de Maio de 1904 e faleceu no dia 21 de fevereiro de 1953), que na pia batismal recebeu o nome de Francisco Nunes de Oliveira e que mais tarde optou em se chamar Francisco Nunes Brasil, mas, além desses adjetivos, existe um que retrata a sua verdadeira identidade: poeta improvisador.

Chico nasceu na Rua Pernambuco Novo ou Pernambuquinho como também era conhecida, filho de José Nunes da Costa e Francisca Nunes de Oliveira. Era uma Rua de mulherio, de mistura de randevus e cabarés, aonde a promiscuidade ai até as últimas conseqüências. Mas, apesar da imundice alí reinante, era a mais procurada pelos homens e a noite se transformava, no logradouro mais animado da pequena Palmeira dos Índios.

Aqui estão reunidos alguns versos, retirados do livro do escritor/sambista/ator Mário Largo e de anotações pessoais de Linduarte Jucá, seu amigo de longas bebedeiras.

Em mil novecentos e quatro,

A quatro de maio nasci.

Foi quando compreendi

Que este mundo é um teatro.

Perdi o que mais idolatro

Que foi a tal da bebida.

Vejo a barriga crescida,

Mas não de prosperidade,

Sentindo a dor da saudade

Na sombra negra da vida.



Procedi horrivelmente,

peço a Deus que me perdoi.

A mim, homem que já foi.

Criado mimosamente

E dormia mansamente

Nos braços da mãe querida.

Ela morreu, fez partida,

O que muito lastimei,

Mãe se foi, mas eu fiquei

Na sombra negra da vida.

02

Gozei a vida de amores,

Escrevi versos e prosas,

Já nadei em mar de rosas,

Qual colibri entre flores,

Sem conhecer dissabores.

Era então alma querida,

Hoje pétala caída,

Que o vento leva mansinho.

Sem querer eu fiz o ninho

Na sombra negra da vida.



Hoje vivo em nostalgia,

E subir o meu Calvário,

Em um viver solitário,

Cheio de melancolia.

E se me vem alegria,

Vem qual coisa coagida,

Alegria entristecida

Pelas minhas desventuras.

Vivo em nuvens escuras

Na sombra negra da vida.

Esse verso foi dito por Chico quando já se encontrava preso ao leito e já sentia que a vida já lhe estava escapando. A barriga crescida, como ele próprio afirmou ter, era na realidade a doença hidropisia, a popular barriga d’água, que foi a causa de sua morte.

Me meti por tanto atalho

Que não sei mais onde é a entrada

Minha vida tá cortada,

Perdi amparo e agasalho,

Fui como rosa no galho,

Hoje só pétala caída,

Sem perfume, esmaecida,

Levada na tempestade,

Sentindo a dô da saudade

Na sombra negra da vida.

Chico Nunes ao ser apresentado ao folclorista cearense Néri Camelo Chico Nunes foi logo dizendo:

Sou natural de Alagoas,

Nasci pra ser cantador,

Francisco Nunes Brasil,

Poeta improvisador.

Foi à vida na Rua Pernambuco Novo, atual Chico Nunes, que marcou profundamente a sua infância.

A vileza do destino

Espedaçou o meu futuro,

O meu viver é obscuro

Desde o tempo de menino..

Hoje sou um peregrino,

Não sei o que é riqueza,

Bruxuleia a luz acesa,

Perdi a perseverança...

E o retrato da minha infância

Está na minha pobreza.



Na terra dos marechais,

Sem ter quem me queira bem,

Oh, morte, por que não vens...

Tirar os meus dias finais?

Vivo gemendo meus ais,

Só sei o que é aspereza.

Não apresento nobreza,

Sou igual a uma balança...

E o retrato da minha infância

Está na minha pobreza.

Chico Nunes se considerava um excelente poeta improvisador e tanto era verdade, que ele próprio lhe conferiu o apelido de “O Rouxinol da Palmeira”. Chico tinha uma verdadeira ojeriza a ladrões a tal ponto de, em 1951, ao glosar o larápio Leopoldo, o fato terminou em briga e ele por ter um braço aleijado, utilizou uma faca-peixeira para se defender, levando-o a passar 24 horas detido, só sendo solto por gozar da simpatia do juiz e delegado, seus verdadeiros fãs. Ao saber da prisão de Zé de Nega, famoso batedor de carteiras, pelo carcereiro Zé Siqueira, glosou.

José de Nega em Palmeira

Fez um papel desgraçado:

Passou a noite trancado

Na pensão do Zé Siqueira,

Recebeu tanta madeira

Que até rolou pelo chão.

Chamou, no auge da aflição,

Palmatória de madrinha...

Tudo por uma sombrinha!

José de Nega é ladrão.

Segundo o escritor Luiz B. Torres, Chico Nunes gostava de se apresentar aos desconhecidos como: “Nabucodonosor Aciobá Brasileiro da Costa Ouricuri Bacamarte da Silva Arranca Toco. Sou o Rouxinol da Palmeira e exemplo prá cabra ruim

Um Boêmio no Céu

(O boêmio com temor à S Pedro)

Meu Pai, será um crime imperdoável
Perguntar-vos por onde vaga o Monstro,
O Judas , vendedor do Pai Divino ?

Queres que eu seja franco?
Nem eu mesmo
Posso informar-te sobre o seu destino!

Através de seu cérebro bizarro
Que pensas desse tigre, dessa hiena? !

Eu lhe voto rancor, ódio profundo,
Mas lamento, Senhor , sua desgraça,
E desse vil herói chego a ter pena !
Senhor , ouso dizer , humildemente
Á vós que renegastes Jesus Cristo,
A vós, que o grande Mestre bendiz
que não existe coração perverso,
mas coração feliz ou infeliz .

Vós deveis ser a Judas muito grato,
Perdoar de coração esse bandido,
O maior dos maiores condenados,
Que ficam para sempre relembrados,

Esses homens fecais feitos de pús,
Pois se foi certo que vendeu a Cristo,
Também foi certo, que, ao beijar-lhe a face,
Lhe deu glória universal da cruz !

Sem esse grande miserável, ...Judas,
Existiria Deus, .... mas não , Jesus.




Catulo da Paixão Cearense

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

VISITA DOS ROMEIROS

É um pastô delicado,
É a nossa proteção,
é a salvação das alma
O padre Ciço Romão,
é a justiça divna
da santa religião.

É dono do Horto Santo,
É dono da Santa Sé,
é uma das três pessoa,
é filho de São José,
manda mais que o Venceslau,
pode mais que o João Tomé.

Vem carta lá de Roma,
vem carta do Ceará,
em carta de Pernambuco,
vem carta do Paraná,
vem carta de Cajazeira,
vem carta de Quipapá.

Vem carta do Maranhão
vem carta de Murici,
vem carta de Cabrobó,
vem carta do Piôí,
vem carta de Batrité,
e vem tombém do Apodí.

Um chega e diz:__ "Meu Padim,
eu não sei mais o que faço!
quero a vossa proteção
com sua divina graça!
Com relação a virtude,
só aqui é onde se acha!

O Padre Ciço, então,diz
com sua voz diferente:
__"Não queiram ser assassino,
não bebam mais aguardente,
não queiram ser desorderô
que Jesus não sai da frente!"

Meu Padrim é quem possui
talento,força e podê,
dado pela providença!
Quem duvidá venha vê!
É ele que quem dá direção
do que se tem de fazê...

Viva Deus,primeiramente,
viva São Pedro chavêro,
viva os seus santos ministro,
viva o Divino Cordêro,
Viva a Santíssima Virge,
Viva o santo Juazêro!

Viva a Sagrada Famia,
no céu da Divina Luz,
Viva o sinhô São José,
Viva os mistero da cruz!
Viva o Padim Pade Ciço
para sempre,amém,Jesus!

Viva o Bom Jesus dos Passo,
viva Santo Antôi também,
viva o santo Juazêro,
que é nosso Jerusalém,
Viva o Padim Pade Ciço
para todo sempre amém!!!

    Poeta João Mendes de Oliveira
obs: era amigo do Padre Cícero e quando Lampião foi  a Juazeiro,
ficou hospedado no sobrado do poeta,na Rua Santa Luzia.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Quem diz que o amô ofende

Quem diz que o amô ofende
erra muito em seu ditado:
Amô é quem salva a gente,
querê bem não é pecado.

Amá cumo manda a doutrina
foi por Deus ditriminado...
Logo, se Deus ditrimina
querê bem não é pecado.

Eu preguntei a Cupido
qual é a mulata bela,
Foi, ele me arrespondeu:
Mulata cô de canela.

Eu queria ser vaquerô
do gado da minha tia
Só para tirá de sorte
a minha prima Maria.

quem tora pau é machado,
quem fura veia é lanceta...
qaundo dois cristão se ama,
tem um diabo que se meta.



Poeta Serrador

Palavras Populares de Alagoas

ABISTUNTADO, é o mesmo que:
lesado,abestalhado.

ACOCHAR,
apertar,

APERREADO,
agoniado,apressado,impaciente,nervoso.

ARENGUEIRIO,
brigão,briguento.

ARITICA,
conversa mole.

ARROCHADA,
apertada.

ASSUSTADO,
uma festa surpresa.

Quadras do Cego Aderaldo

Meu benzinho, diga, diga
por caridade confesse
se você já encontrou
quem tanto bem lhe quisesse.

Meu bem que mudança é esta
neste teu rosto adorado
Acabou-se aquele agrado
com que me fazias festa.

Eu juro que nunca quis
ofender teu peito nobre
fala, meu anjo,descobre,
diga ,meu bem, que te fiz

Todo passarinho canta
quando vem rompendo a aurora
só a podre  mãe-da-lua
quando canta,logo chora...
assim eu faço também,
quando meu bem vai se embora.

A unha nasce do dedo,
o dedo nasce da mão,
mas a mão nasce do braço
e o braço nasce do vão,
a pedra nasce do fogo
e o fogo nasce do chão,
o amor nasce de dentro,
do interior do coração

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Por Que Deixei de Cantar

Ando gemendo e chorando
e vendo a hora cair
o povo de mim fugir
e a canalha mangando
e eu tremendo e tombando
sem maleta e sem sacola
estou hoje nesta bitola
por não ter outro recurso
carrego a bengala a pulso
não posso andar com viola.

Com a matéria abatida
eu de muito longe venho
com este espinhoso lenho
tombando na ,minha vida
tenho a lembrança esquecida
uma rouquice ruim
a vida quase no fim
a cabeça meio tonta
quem for moço tome conta
cantar não é mais para  mim.

Já pelo peso de oitenta
e uma das primaveeas
dezesseis lustro oito eras
esta carga me atormenta
o corpo não se sustenta
quando anda cambaleia
cantador de cara feia
se eu for lhe assistir
por isso deixei de ir
para cantoria alheia.

Esses oitenta degraus
que comecei de subir
foi só para distinguir
quais são s bons e os maus
por cima de pedra e pau
tive atos de bravura
hoje só tenho amargura
tormenta, dor e cansaço
passando de passo a passo
pra cima da sepultura.

Existe uma corriola
de sujeito vagabundo
que anda solto no mundo
pelintra e muito gabola
compra logo uma vilola
da frente toda enfeitada
só canta coisa emprestada
dizendo por onde anda
que topa toda parada.
E por ver em certos meios
gente cantado iê -iê-iê
arrumar dois LPs
tudo versos alheios
eu estou de saco cheio
de não poder tolerar
a muita gente escutar
dizer viva e bater palma
e isto me doer a alma
por isso deixei de cantar.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Pinto do Monteiro

Por Que Deixei de Cantar

Recebi mais de um tema
fazendo interrogação
porque eu da profissão
mudei de rumo e sistema
resolverei um problema
de não poder tolerar
muita gente a perguntar
ansiosa pra saber
em versos vou responder
por que deixei de cantar.

Deixei porque minha idade
já está muito avançada
a lembrança está cansada
o som menos da metade
perdi a facilidade
que em moço eu possuía
da máquina da fazer verso
hoje eu vivo submerso
num mar de melancolia.

A viola companheira
eu embrulhei de molambo
pego nela por um bambo
para tirar-lhe a poeira
hoje não tem mais quem queira
ir num canto me escutar
fazer verso e gaguejar
topar no meio e no fim
cantar feio pouco e ruim
será melhor não cantar.
Não foi por uma pensão
que o governo me deu
porque o eu do meu eu
não me dá mais produção
cantor sem inspiração
tem vontade e nada faz
eu hoje sou um dos tais
que ninguém quer assistir
nem o povo quer ouvir
nem eu também posso mais.

Pinto do Monteiro

Certa feita ,Severino Pinto, lembrado-se da mocidade no Feijão, arrematou com uma das décimas que o celebrizou:


Vaqueiro é pra pegar touro,
amansar bezerro e vaca
cortar pau, fazer estaca,
E preparar bebedouro.
Comer queijo e beber soro,
curtir couro e fazer sola,
fazer freio e rabichola,
tirar leite e pegar bode,
quém é vaqueiro não pode
ser cantador de viola.



in Pinto Velho do Monteiro
(um cantador sem parelha)
Joselito Nunes