segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Nem todo pau dá esteio

Nem todo pássaro voa,
nem todo insento é besouro,
nem todo judeu é mouro
nem todo pau da canoa;
nem toda notícia é boa,
nem tudo que eu vejo eu creio,
nem todos zelam o alheio,
nem toda medida é reta
nem todo homem é poeta,
ne todo pau dá esteio.

Nem toda água é corrente,
nem todo adoçado é mel,
nem tudo que amarga é fel,
nem todo dia é sol quente;
nem todo cabra é valente,
nem toda roda tem veio,
nem todo matuto é feio,
nem todo mato é floresta,
nem todo bonito presta,
nem, todo pau dá esteio.

Nem todo preto é carvão,
nem todo azul é anil,
nem toda terra é Brasil,
nem toda gente é cristão;
nem todo índio é pagão,
nem toda agência é correio,
nem toda viage é passeio,
nem todos prezam bom nome,
nem toda fruta se come,
nem todo pau dá esteio.

Nem todo lente é sabido,
nem tudo que é branco é leite,
nem todo óleo é azeite
nem todo rogo é ouvido;
nem todo pleito é vencido,
nem todos vão ao sorteio,
nem todo sítio é recreio,
nem toda massa é de trigo,
nem todo amigo é amigo,
nem todo pau dá esteio.


Luís Dantas Quesado

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